Matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, de 01/02/09.
A pedido dos pais da garota, a Defensoria Pública do Estado de SP mandou ofício para que a Secretaria Municipal da Educação mantenha a menina no ensino fundamental em 2009.
Rafaela diz concordar com os pais, que são analfabetos. Ela mostra as provas feitas, todas com as notas "NS" em vermelho -a sigla é de "não-satisfatório", o pior resultado possível.
"Se eu for para o primeiro colegial [primeiro ano do ensino médio], vai ser muito difícil para mim. Eu até leio um pouco bem, mas não sei quase nada das matérias. Eu vou muito mal nas provas", conta a menina, que diz querer ser veterinária.
O município adota a progressão continuada: os alunos são reprovados apenas nos quartos anos de cada ciclo. A oitava série é um deles. Segundo levantamento feito em setembro pela secretaria, um em cada dez alunos da quarta série da rede municipal é analfabeto.
Rafaela fez, a pedido da reportagem, um teste informal -a menina sabe ler e escrever, mas não consegue interpretar textos ou fazer cálculos.
A mãe de Rafaela, dona-de-casa, conta que a filha pedia reforço escolar, mas nem sempre era atendida. Rafaela tem doença rara que ataca o esqueleto (a síndrome de Larsen). A garota tem a coluna torta, braços e pernas fracos e dificuldade para andar, o que não afeta sua capacidade intelectual.
O coordenador do Núcleo Especializado de Infância e Juventude da Defensoria Pública, Flávio Américo Frasseto, diz que poderá entrar na Justiça para garantir que Rafaela continue no ensino fundamental.
A secretaria informou que Rafaela participou do projeto de recuperação paralela oferecido pela escola. "A aluna lê, escreve e interpreta textos propostos nas aulas", diz a pasta.
E então, me pergunto, quem é o responsável pela falência da Escola Pública?
Será que a Progressão Continuada, da maneira em que foi inserida nas escolas Brasileiras está funcionando?
Precisamos sim de escolas inclusivas, mas e a qualidade do ensino?
Como garantir que os alunos aprendam o conteúdo necessário para prossegir na escola e na vida como um cidadão pleno?
Ainda não temos resposta para essas questões.
FONTE: UDEMO.
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