Texto Escrito por Carlos Ramiro de Castro, Ex-Presidente da Apeoesp. O texto foi escrito em 20/04/2007.
E nada mudou...
Os neoliberais brasileiros possuem mais do que tentáculos na chamada grande imprensa brasileira. Os jornalões estão mergulhados de corpo e alma na defesa do "Estado mínimo" e têm se esforçado ao máximo em interferir na opinião pública para defendê-lo. Quem mais sofre com a política neoliberal – levada a cabo em nosso Estado pelo PSDB – são as áreas de saúde e de educação públicas. Nos últimos meses, matérias e artigos têm tentado descaracterizar as reivindicações dos professores e professoras por melhores condições de trabalho e por melhores salários. Economista com pós-graduação nos EUA, Gustavo Ioschpe é um destes tentáculos, que encontra eco, por exemplo, na revista "Veja". Em artigo publicado em março naquele periódico, Ioschpe afirma, sem provar e sem qualquer constrangimento, que os professores recebem salários superiores à média nacional, e chega a dizer que a jornada dos professores – média de 40 horas semanais – é mais "leve" que a dos demais trabalhadores brasileiros. Uma afronta!
Na sua trajetória em defesa da Escola Pública e dos direitos dos interesses da categoria, a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) tem dedicado especial atenção à saúde dos professores e das professoras.
Resultado de uma pesquisa sobre a saúde do professor realizada entre os delegados e delegadas presentes ao XIX Congresso Estadual da APEOESP, ocorrido em novembro de 2003, e que agora está sendo publicada no livro Saúde dos Professores em Questão, desmente as desinformações do sr. Ioschpe.
Os dados da pesquisa, em geral, confirmam uma realidade que professoras e professores conhecem, mas que as autoridades insistem em desprezar: o trabalho dos docentes, tal como está sendo desenvolvido hoje, está deixando muitos profissionais doentes ou suscetíveis a várias doenças. Dos 1.626 professores paulistas que responderam ao questionário, 80% queixaram-se de cansaço, 61% de nervosismo, 55% de ansiedade, 44% de angústia. Mais alarmante ainda é o dado de que quase metade (46,2%) destes professores teve o estresse como diagnóstico médico confirmado. Os dados demonstram que a saúde dos professores está em sinal de alerta. E, que ao lado dos problemas da voz, o estresse parece constituir o maior problema de saúde desta categoria de trabalhadores.
A pesquisa nos dá uma pista sobre a origem do mal que aflige atualmente a classe. A superlotação de aula – a grande maioria leciona para classes com mais de 36 alunos – aliada à preocupação com os alunos, quer por sua situação social, o baixo rendimento e a precariedade de vínculos empregatícios de grande número de professores, são geradores de sofrimento.
O estudo que está sendo lançado pela APEOESP pretende integrar posteriormente um projeto maior de pesquisa com o propósito de diagnosticar o perfil da carreira docente e a obtenção de mais uma ferramenta para a busca de soluções para os problemas que os professores vêm enfrentando no cotidiano.
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